A busca por qualidade de vida passou a ocupar o centro das decisões de consumo no Brasil. Mais do que adquirir produtos, os brasileiros estão priorizando experiências, bem-estar e tecnologia — uma mudança que atravessa diferentes classes sociais e gerações. Segundo levantamento recente, fatores como autocuidado, saúde e controle financeiro passaram a influenciar significativamente o comportamento de compra.
Pontos Principais:
- Quatro em cada dez brasileiros querem consumir mais experiências.
- Itens de bem-estar e autocuidado ganham espaço em todas as classes.
- Classe A e B lideram consumo experiencial e uso de crédito para lazer.
- Todas as gerações mostram adesão às novas tendências de consumo.
- Desejo por tecnologia cresce até entre consumidores de menor renda.
Essa transformação não é homogênea: enquanto as classes A e B lideram o consumo experiencial, as classes C e D demonstram comportamentos mais cautelosos, mantendo hábitos antigos e recorrendo a marcas tradicionais. Mesmo assim, o desejo por inovação tecnológica e práticas sustentáveis aparece com força em todos os estratos da população.

O novo panorama é também geracional. Contrariando a ideia de que só os jovens acompanham tendências, o estudo mostra que até os Baby Boomers se declaram influenciados pelas novas formas de consumo. A evolução dos hábitos se dá de forma ampla, mas com nuances que revelam um consumidor mais atento, exigente e consciente das próprias escolhas.
Consumo por experiências e o avanço do autocuidado
A principal mudança detectada está no tipo de consumo que os brasileiros desejam fazer nos próximos anos. Mais de 40% da população manifesta intenção de investir em vivências, como viagens, eventos e lazer, deixando em segundo plano a aquisição de bens materiais. Essa guinada é puxada por 20% dos consumidores que se identificam como “experienciais”.
O autocuidado também desponta como prioridade. Cerca de 35% da população declara que pretende aumentar o consumo de produtos voltados ao bem-estar, como cosméticos, itens de higiene pessoal e serviços de saúde preventiva. Essa valorização se dá de forma paralela ao crescimento do interesse por atividades que promovem saúde física e mental.
Outro ponto importante é o comportamento cotidiano. Três em cada dez brasileiros estão mais atentos à saúde no dia a dia, enquanto quase 40% afirmam que estão economizando mais e evitando desperdícios. Ou seja, a busca por qualidade de vida vem acompanhada de uma nova consciência sobre como gastar e o que consumir.
Esses dados apontam para uma mudança de mentalidade, na qual o consumo deixa de ser um fim em si mesmo e passa a ser um meio para alcançar equilíbrio e bem-estar — uma tendência que afeta desde a compra de itens simples até a forma como os consumidores escolhem serviços e experiências.
Classe social influencia decisões e prioridades
Quando analisadas as preferências por classe social, o recorte revela contrastes marcantes. As classes A e B apresentam forte adesão ao consumo experiencial: 59,4% e 62,8%, respectivamente, priorizam vivências. Além disso, 35% desses consumidores utilizam crédito para financiar momentos de lazer, o que mostra um comportamento ativo e planejado.
Esse público também se destaca no controle financeiro: 42% passaram a economizar mais e reduzir desperdícios após mudanças na rotina. Já entre a classe C, a percepção de mudança é menos expressiva, mas ainda relevante. Na classe D, o índice cai, sugerindo que a prática de economizar já faz parte do cotidiano e, por isso, não é vista como novidade.
Entre os consumidores de menor renda, ainda predominam hábitos tradicionais e o apego a marcas conhecidas. Mesmo assim, o desejo por inovação se destaca: 29% da classe D afirmam querer aumentar o consumo de produtos tecnológicos, superando até mesmo o interesse por experiências.
Comparativo de prioridades por classe
- Experiências: 62,8% (classe B) / 20,4% (classe D)
- Autocuidado: 41,4% (classe B) / 27,7% (classe D)
- Tecnologia: 44,9% (classe A) / 29,2% (classe D)
- Produtos sustentáveis: 20,5% (classe B) / 19,6% (classe D)
Esses números evidenciam que, mesmo com diferenças de renda, há uma aspiração comum ao acesso à tecnologia e bem-estar. A forma de consumir muda conforme o poder de compra, mas o desejo por evolução pessoal e conforto está presente em todas as camadas sociais.
Todas as gerações acompanham as novas tendências
Diferentemente do senso comum, não são apenas os jovens que estão atentos às transformações do mercado. As gerações mais velhas também acompanham e se adaptam às novas tendências de consumo, com destaque para a geração X (41,9%) e os Baby Boomers (33,9%), que afirmam estar alinhados às mudanças.
A Geração Z, ainda em formação de hábitos de consumo consolidados, mostra menor aderência nesse momento, mas expressa um índice alto de inspiração nas novas práticas (21,2%). Já os Millennials (Geração Y), entre 25 e 40 anos, são o grupo com maior número de pessoas indiferentes às novas gerações, mas ainda assim apresentam 34% acompanhando as tendências.
Apenas 10% de todos os entrevistados se declaram resistentes ou indiferentes às mudanças. Isso reforça o caráter amplo e transversal dessa transformação nos padrões de compra.
Esse movimento indica uma convergência entre gerações, na qual o foco está cada vez mais voltado para o consumo com propósito, valorização da experiência, saúde e responsabilidade.
O que esse novo cenário indica para o futuro
Com os dados em mãos, o que se desenha é um consumidor brasileiro mais consciente, pragmático e exigente. A valorização do bem-estar, das experiências e do autocuidado passa a ditar o ritmo do consumo, deixando para trás o foco exclusivo em bens materiais e ostentação.
As marcas precisam se adequar a esse novo momento. Isso inclui oferecer experiências significativas, produtos sustentáveis e tecnologia acessível. A personalização das campanhas, o posicionamento ético e o compromisso com a saúde e bem-estar passam a ser diferenciais decisivos.
Mesmo entre os consumidores de menor renda, há apetite por inovação e crescimento pessoal. O mercado que souber entender essas demandas e responder com soluções práticas e acessíveis tende a conquistar relevância e fidelidade.
A tendência é que o consumo experiencial e voltado à qualidade de vida ganhe ainda mais força nos próximos anos, consolidando-se como um padrão dominante no Brasil. O futuro aponta para um consumidor mais seletivo, informado e comprometido com a própria evolução — e o mercado precisa acompanhar esse passo.
Fonte: M&M.